beeconomies.com

Apicultura e AgroEconomia
Top 7 plantas que atraem abelhas nativas e aumentam a produção de mel

Top 7 plantas que atraem abelhas nativas e aumentam a produção de mel. As abelhas são muito mais do que produtoras de mel: elas são guardiãs da biodiversidade e agentes essenciais para a polinização de culturas agrícolas. Em tempos de crise ambiental, plantar estrategicamente pode ser um ato de resistência ecológica e de geração de renda. Neste contexto, entender quais são as plantas para atrair abelhas se torna uma decisão estratégica para quem trabalha com apicultura ou meliponicultura.

A integração de flora apícola no entorno dos apiários fortalece os ecossistemas locais e melhora significativamente a produtividade das colmeias. Especialistas da Embrapa apontam que a escolha correta das espécies vegetais pode aumentar a produção de mel em até 40% em determinadas regiões do Brasil. Além disso, estudos internacionais como os do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) e do INIAV (Portugal) confirmam os benefícios da biodiversidade sobre a saúde das abelhas.

Neste artigo, vamos apresentar as 7 principais plantas companheiras apicultura que não só atraem abelhas nativas como também potencializam a colheita de mel. Os dados complementam o artigo-pilar publicado no Beeconomies.


🌸 1. Lavanda (Lavandula angustifolia)

Conhecida por seu aroma suave e flores violeta, a lavanda é uma das plantas mais eficazes para atrair abelhas nativas sem ferrão — como jataí, mandaçaia e uruçu-amarela. Sua floração é prolongada, podendo durar de 6 a 9 meses, especialmente em regiões de clima ameno. Isso garante uma oferta contínua de néctar e pólen, reduzindo significativamente os períodos de escassez alimentar no meliponário.

Segundo o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), a lavanda emite compostos voláteis (monoterpenos como o linalol) que não apenas atraem abelhas, mas também contribuem para o comportamento de forrageio mais calmo — o que, na prática, diminui o estresse oxidativo das colmeias. Essa estabilidade melhora a taxa de postura da rainha e a longevidade das operárias.

Em relação à produtividade: uma área de 1 metro quadrado de lavanda bem cultivada pode sustentar até 12 visitas de abelhas por hora, dependendo da variedade e da densidade do plantio. Em média, 100 m² podem produzir floradas suficientes para gerar de 4 a 7 litros de mel por safra, em sistemas bem manejados de meliponicultura com abelhas sem ferrão. Essa conversão depende, claro, da densidade das colmeias, das condições climáticas e da biodiversidade do entorno.

Em plantios agroecológicos integrados, a lavanda ainda atua como planta repelente natural contra ácaros e mosquitos, beneficiando todo o ecossistema do apiário. Por esses motivos, é considerada uma “super planta companheira” em sistemas regenerativos.

FLORADA: 🌸 Veja o Calendário de Floradas do Brasil

🌺 2. Girassol (Helianthus annuus)

Flor símbolo da polinização e da energia solar, o girassol é uma das espécies mais completas quando o assunto é alimento para abelhas. Ele oferece grande volume de pólen de alta qualidade proteica, além de néctar em quantidade moderada — suficiente para atrair tanto abelhas Apis mellifera quanto meliponíneos como jataí e mandaçaia.

Seu diferencial está no tempo de floração curto (média de 90 dias do plantio à colheita), o que permite ciclos intensivos e escalonados ao longo do ano. Além disso, o girassol gira naturalmente para seguir a luz solar (heliotropismo), o que maximiza a produção de néctar nos capítulos florais durante o dia.

Segundo estudos da Embrapa Cerrados, cada metro quadrado de girassol pode atrair entre 10 e 18 abelhas por hora no pico da floração. Em áreas de 1.000 m² (0,1 hectare), é possível produzir de 15 a 25 litros de mel por safra, quando integrado a um sistema com 10 a 20 colônias de abelhas nativas em equilíbrio.

Mais do que atrativo floral, o girassol também tem função estratégica em bordaduras de apiários e agroflorestas, servindo como barreira biológica natural contra pragas de lavouras vizinhas. Suas raízes profundas ajudam na aeração do solo e seu caule pode ser incorporado como biomassa.

Em sistemas agroecológicos, o girassol se torna ainda mais valioso por seu uso múltiplo: florada apícola, extração de óleo, produção de sementes e uso ornamental — tudo isso em uma única planta. Uma verdadeira estrela dourada no pasto apícola regenerativo.

FLORADA: 🌸 Veja o Calendário de Floradas do Brasil

🌿 3. Manjericão (Ocimum basilicum)

Muito além de seu uso na culinária, o manjericão é um verdadeiro ímã natural para abelhas nativas, sendo considerado uma das plantas mais potentes em concentração de néctar por flor. Suas pequenas flores brancas ou arroxeadas brotam em inflorescências densas, que chegam a durar mais de 60 dias — garantindo fonte estável de alimento para polinizadores mesmo durante veranicos ou transições entre floradas maiores.

Um estudo da University of Georgia Bee Lab mostrou que o manjericão pode atrair até 120 visitas de abelhas por metro quadrado ao dia em ambientes urbanos e periurbanos, especialmente se cultivado em canteiros densos. Por essa razão, ele é frequentemente recomendado como planta de suporte entre floradas principais, mantendo as abelhas ativas e as colmeias estáveis.

Em áreas de cultivo agroecológico, 100 m² de manjericão podem contribuir com uma florada capaz de gerar de 3 a 5 litros de mel por safra, em sistemas de meliponicultura com 10 colmeias ativas. Esse impacto não está apenas na quantidade, mas na qualidade do mel, que pode apresentar notas florais e herbais mais suaves quando o néctar do manjericão compõe parte da origem botânica.

Calculadoras:

Além disso, o manjericão possui compostos naturais como o eugenol e o linalol, que afastam pragas e protegem o apiário contra predadores naturais, tornando-se uma planta companheira multifuncional. Ele se adapta muito bem ao clima tropical e subtropical, sendo perfeito para propriedades no Centro-Oeste e Nordeste, onde outras espécies podem ter dificuldade de manter floradas regulares.

Por sua rusticidade, baixo custo de implantação e elevado retorno ecológico, o manjericão é uma das melhores opções para quem deseja fortalecer colmeias com plantas companheiras apicultura de fácil manejo e grande impacto.

🌻 4. Cambará (Lantana camara)

O cambará, também conhecido como “carneirinho” ou “camará-miúdo” em algumas regiões, é uma espécie nativa do Brasil, extremamente adaptável e de floração quase contínua ao longo do ano. Suas flores multicoloridas (rosa, amarelo, roxo, laranja) aparecem em forma de pequenas esferas densas, com alto teor de néctar e atratividade confirmada para dezenas de espécies de abelhas nativas, incluindo jataí, iraí, mandaguari e mirim-guaçu.

Embora em alguns contextos agrícolas o cambará seja rotulado como planta invasora, pesquisadores do INIAV (Portugal) e do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) vêm destacando seu papel ecológico fundamental como espécie suporte em agroflorestas, especialmente em períodos de escassez de floradas maiores. É uma planta que atrai não apenas abelhas, mas também borboletas, vespas parasitóides e outros polinizadores, contribuindo para o equilíbrio do sistema como um todo.

Do ponto de vista apícola, um canteiro de 10 m² com cambará bem manejado pode sustentar de 80 a 150 visitas de abelhas por hora, principalmente durante as manhãs ensolaradas. Quando inserido em um meliponário com manejo regenerativo, é capaz de contribuir com até 3 litros de mel por ciclo, além de garantir o reforço nutricional às colmeias durante floradas fracas.

Outro diferencial do cambará é sua resiliência: cresce bem em solos pobres, suporta estiagens e pode ser usado em bordaduras de sistemas agroflorestais para contenção de erosão. Seu porte arbustivo (0,8m a 2m de altura) o torna excelente para sombreamento leve e abrigo de fauna auxiliar.

Para projetos de meliponicultura que visam integração produtiva e biodiversidade, o cambará deve ser considerado não como um invasor, mas como uma planta companheira apicultura altamente funcional, desde que manejado com podas e controle de dispersão.


🌼 5. Jasmim (Jasminum officinale)

O jasmim é uma das plantas mais singulares entre as companheiras apícolas. Seu principal diferencial está no aroma intensamente doce e noturno, que atua como um verdadeiro radar olfativo para abelhas nativas crepusculares, como a abelha iraí e algumas espécies do gênero Plebeia. Ao contrário da maioria das flores que exalam seus compostos voláteis pela manhã, o jasmim intensifica sua fragrância ao entardecer — sendo, portanto, uma planta chave para manter o fluxo alimentar no apiário até o pôr do sol.

As flores são pequenas, tubulares e de coloração branca, o que aumenta o contraste visual ao anoitecer. Estudos do Pollinator Partnership nos Estados Unidos mostraram que flores de cor clara e aroma intenso desempenham papel fundamental no estímulo da atividade noturna de abelhas e de polinizadores em zonas de sombra ou urbanas.

Além disso, o jasmim é altamente adaptável: pode ser cultivado em vasos, treliças, cercas vivas ou mesmo em pequenos espaços verticais — o que o torna perfeito para meliponicultura urbana ou de quintal. Em 10 m² de cultivo, estima-se uma média de 100 a 140 visitas de abelhas por dia, especialmente nos finais de tarde.

A presença do jasmim também está associada a um efeito calmante nas abelhas, devido à presença de compostos como o benzilacetato e o jasmoleno. Esses compostos, segundo pesquisas da Universidade de Lisboa, podem até favorecer a estabilidade da temperatura interna dos ninhos em ambientes com oscilação térmica.

Embora não contribua com grande volume de mel diretamente (aproximadamente 1 a 2 litros por ciclo), sua função complementar e estratégica na diversidade do apiário é inquestionável — funcionando como uma “planta de transição” entre floradas principais. Com manejo simples e beleza ornamental, o jasmim é mais do que útil: é poético e funcional.


🌿 6. Alecrim (Rosmarinus officinalis)

O alecrim é uma das plantas companheiras apicultura mais completas do ponto de vista ecológico e funcional. Nativo da região mediterrânea, adaptou-se perfeitamente aos biomas brasileiros, especialmente em áreas de clima seco, pedregoso e com alta incidência solar. Sua robustez estrutural, folhas ricas em óleos essenciais e flores azuladas ou arroxeadas fazem dele um verdadeiro canteiro permanente de alimentação para abelhas de pequeno porte, como as do gênero Tetragonisca e Scaptotrigona.

O grande diferencial do alecrim está na sua resiliência climática e no ciclo de floração prolongado, que pode durar quase o ano todo em regiões de clima quente. Além disso, suas flores são ricas em néctar com alta concentração de açúcares simples (glucose e frutose), o que favorece a rápida metabolização pelas abelhas operárias, otimizando a produção de cera e alimentação das crias.

De acordo com pesquisas do USDA (United States Department of Agriculture), o alecrim é classificado como uma das “super plantas” apícolas para jardins sustentáveis, por reunir três funções em uma só: atrair polinizadores, repelir pragas e fornecer biomassa aromática. Em áreas de 100 m² bem manejados, é possível observar uma contribuição indireta de até 4 litros de mel por ciclo, considerando sua presença como apoio entre floradas maiores.

Outro ponto relevante é o seu efeito repelente natural contra formigas, mosquitos e pulgões, graças à presença de compostos como cineol e ácido rosmarínico. Isso reduz a pressão de pragas no entorno do meliponário, criando um ambiente mais estável para as colmeias.

Calculadoras:

O alecrim também se destaca pela baixa necessidade hídrica e pela capacidade de regeneração após podas — o que o torna ideal para sistemas agroflorestais, pomares, hortas comunitárias e apiários urbanos. Plantar alecrim não é apenas cuidar das abelhas: é criar um ecossistema funcional, aromático e resistente.


🌾 7. Ipê-amarelo (Handroanthus albus)

Considerada a rainha das floradas brasileiras, o ipê-amarelo é uma árvore nativa majestosa que emociona não apenas pela sua beleza exuberante, mas pelo impacto direto que causa na dinâmica de um meliponário. Seu florescimento ocorre de forma explosiva e sincronizada, geralmente entre julho e setembro, período de transição do inverno para a primavera. Em apenas 2 a 3 dias, centenas de flores amarelas se abrem simultaneamente, criando um espetáculo visual e biológico de rara intensidade — e um verdadeiro festival de alimento para polinizadores.

FLORADA: 🌸 Veja o Calendário de Floradas do Brasil

O ipê-amarelo produz grande quantidade de pólen altamente proteico, essencial para a nutrição das crias e para a produção de geleia real e cera. Estudos da Emater-MG e da Universidade Federal de Lavras (UFLA) indicam que o pólen do ipê pode conter até 25% de proteína bruta, além de aminoácidos essenciais que fortalecem o sistema imunológico das abelhas.

Mesmo sendo uma florada de curta duração (geralmente de 3 a 5 dias), o impacto em um meliponário é imenso. Em áreas com 3 a 5 exemplares adultos bem posicionados, é possível notar um aumento imediato na atividade das abelhas, na postura da rainha e na produção de mel nas semanas seguintes. Em meliponicultura planejada, a florada do ipê funciona como um gatilho reprodutivo natural dentro do ciclo ecológico do apiário.

Além do impacto nutricional, o ipê-amarelo tem papel central na composição de paisagens polinizadoras. Seu valor ornamental, somado à sua resistência a pragas e baixo custo de manutenção após o estabelecimento, faz dele um favorito em projetos de educação ambiental, arborização rural e urbana, e reflorestamento com espécies nativas.

Sua simbologia também é poderosa: o ipê-amarelo é flor símbolo do Brasil, representando resistência, beleza e regeneração — os mesmos valores que movem a nova apicultura regenerativa. Ter ipês no entorno de um meliponário é mais do que estratégica: é uma escolha que une ciência, cultura e compromisso com o futuro das abelhas.


Embrapa & ABA omissas em defesa efetiva das abelhas

Apesar de avanços técnicos, tanto a Embrapa quanto a ABA (Associação Brasileira de Apicultura) têm sido criticadas por omissão na defesa das abelhas frente ao uso abusivo de pesticidas. Relatórios de 2022 indicam que ambas as instituições mantiveram silêncio diante da aprovação de mais de 200 novos agrotóxicos nocivos à fauna apícola.


📚 Referências

  • Embrapa Meio Ambiente. Boletim Apícola Sustentável. 2023.
  • USDA Pollinator Research. Plant Recommendations 2022.
  • INIAV Portugal. Manual de Plantas Polinizadoras Nativas. 2021.
  • Bee Informed Partnership. Top Bee Plants by Region. 2020.

FAQ – Plantas que atraem abelhas nativas

Qual planta é mais atrativa para abelhas sem ferrão?
Lavanda e manjericão têm alto teor de néctar e flores pequenas ideais para meliponíneos.

Quantas plantas são necessárias para manter um apiário ativo?
O ideal é ter pelo menos 3 a 4 espécies diferentes florindo por estação.

É possível criar abelhas em ambiente urbano?
Sim. Espécies nativas como jataí adaptam-se bem a quintais e sacadas com plantas adequadas.

As plantas precisam ser nativas?
Preferencialmente, sim. Mas plantas exóticas como lavanda e alecrim também ajudam desde que sem pesticidas.

Qual planta atrai abelhas e repele pragas?
O alecrim tem dupla função: atrai polinizadores e afasta pulgões.

Deixe comentário

Seu endereço de e-mail não será publicado. Os campos necessários são marcados com *.