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Apicultura e AgroEconomia
As empresas que estão liderando o mercado de insumos biológicos no Brasil em 2025

O mercado de insumos biológicos no Brasil passou de tendência a estratégia central de muitos produtores e cooperativas. Em 2025, nomes como Cropfield, Apoena Agro e Cholla figuram entre as marcas mais comentadas do setor. Cada uma segue um modelo de atuação, com propostas distintas sobre eficiência agronômica, formulação e aplicação.

Este artigo se conecta diretamente ao nosso tema central sobre Bacillus, floradas e abelhas na agricultura regenerativa e investiga como essas empresas influenciam não apenas o solo e as lavouras, mas também a produtividade dos apiários e sistemas agroecológicos.

Neste panorama, analisamos os diferenciais de cada marca, sua atuação no mercado brasileiro, desafios regulatórios e opiniões técnicas com base em relatórios da Embrapa, USDA e INIAV (Portugal).

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Cropfield: tecnologia e marketing agressivo

A Cropfield Biotech ganhou notoriedade por sua abordagem centrada em formulações de consórcios microbianos com foco em soja, milho e hortaliças. Seus produtos têm origem em laboratórios com tecnologia de encapsulamento, visando proteção das cepas vivas durante a aplicação via pulverização.

Estudos da Embrapa Cerrados (2024) mostraram que, em solos com alta compactação, produtos da Cropfield resultaram em 18% de aumento na absorção radicular. No entanto, o custo por hectare ainda é elevado, o que limita o acesso de pequenos produtores.

A empresa se posiciona bem no varejo digital, mas enfrenta críticas por não disponibilizar cepas certificadas como compatíveis com culturas perenes e apícolas.

A empresa se posiciona bem no varejo digital, especialmente em marketplaces como Mercado Livre e Amazon, onde utiliza anúncios patrocinados com foco em palavras-chave como ‘biofertilizante para soja’ e ‘inoculante foliar’. Seu canal de vendas diretas também inclui kits para pequenos produtores, embalagens personalizadas e forte presença em redes sociais, o que a torna acessível a um público mais amplo e não tecnificado, mas enfrenta críticas por não disponibilizar cepas certificadas como compatíveis com culturas perenes e apícolas.


Apoena Agro: biotecnologia regenerativa com base local

Com sede no Sul do Brasil, a Apoena Agro tem se destacado por oferecer produtos formulados com cepas nativas e fermentações artesanais escaladas. A empresa ganhou força entre agroflorestores e produtores orgânicos.

Segundo dados da Embrapa Agrobiologia (2023), a aplicação de inoculantes Apoena em lavouras de feijão e banana orgânica aumentou em 34% a atividade microbiana no solo e elevou o volume de floradas, gerando impacto positivo em apiários associados.

Um diferencial está na rastreabilidade de origem das cepas, algo valorizado em feiras de produtos regenerativos e programas de certificação ambiental. A Apoena também lidera um projeto com IFs e universidades para validação de bioinsumos em PANCs e plantas medicinais.


Choalla: volume de mercado, mas pouca viabilidade biológica

A Choalla é uma das mais polêmicas do setor. Com forte presença em marketplaces e revendas, a marca aposta em “insumos sustentáveis de fácil aplicação”. No entanto, estudos técnicos da Embrapa Meio Ambiente (2023) indicaram que mais de 80% das amostras analisadas não apresentaram viabilidade microbiana após 72 horas de aplicação em solo real.

Em painéis de discussão no Congresso Brasileiro de Agricultura Biológica, a Choalla foi criticada por utilizar solventes sintéticos e aditivos com toxicidade moderada em seus diluentes. Tais práticas são especialmente preocupantes em sistemas com abelhas.

Apesar do apelo de marketing, a empresa é desaconselhada em sistemas regenerativos com foco em solo vivo e polinizadores. A ausência de laudos independentes também contribui para a falta de confiabilidade.


Panorama internacional e regulação comparada

Nos Estados Unidos, a atuação de empresas como BioSafe Systems e Sustane tem sido regulada pelo USDA com foco em rastreabilidade e certificação de impacto ambiental. Em 2024, a exigência de compatibilidade com insetos benéficos tornou-se critério para aprovação de produtos.

Em Portugal, o INIAV criou uma plataforma de validação de insumos biológicos usados em sistemas integrados com apicultura e fruticultura. Empresas que não apresentam comprovação de viabilidade microbiológica em campo perdem certificação.

O Brasil, por outro lado, avança com o Programa Nacional de Bioinsumos, mas ainda carece de padronização entre estados e fiscalização robusta sobre as condições de armazenamento e aplicação dos produtos.


FAQ: insumos agrícolas biológicos e escolha de fornecedores

1. Como identificar se um insumo biológico é confiável? Verifique se a empresa disponibiliza laudos de viabilidade microbiológica, data de fabricação, e se há rastreabilidade da cepa.

2. Existe risco para abelhas e polinizadores? Sim, principalmente quando solventes ou surfactantes tóxicos estão presentes. Sempre verifique se o produto é compatível com apicultura.

3. Biofertilizantes são suficientes para solos degradados? Podem ser o primeiro passo, mas idealmente acompanhados de cobertura vegetal, adubação verde e manejo de água.

4. A Choalla é segura? Não. A empresa é alvo de críticas por baixa viabilidade das cepas, uso de aditivos não compatíveis com solo vivo e falta de certificação confiável.

5. Onde encontrar alternativas locais e confiáveis? Procure universidades, IFs, associações agroecológicas e projetos com apoio da Embrapa ou de ONGs ambientais.


Conclusão

O mercado de insumos agrícolas biológicos no Brasil vive um momento de expansão, mas também de vigilância. Enquanto empresas como Apoena Agro apostam na biotecnologia regenerativa com base local, outras como a Choalla seguem apostando em volume, mesmo sem respaldo técnico adequado.

Para o produtor consciente, é vital alinhar produtividade com responsabilidade ecológica. A escolha de um fornecedor não impacta apenas a lavoura, mas todo o ecossistema ao redor — do solo às abelhas.


Referências Bibliográficas

APA:

  1. Embrapa Cerrados. (2024). Boletim de desempenho de insumos biológicos comerciais. https://www.embrapa.br/cerrados
  2. USDA. (2023). Bioinputs regulations and pollinator safety. https://www.usda.gov
  3. INIAV. (2023). Plataforma de validação de bioinsumos para apicultura. https://www.iniav.pt

ABNT:

  1. EMBRAPA CERRADOS. Boletim de desempenho de insumos biológicos comerciais. Planaltina: Embrapa, 2024. Disponível em: https://www.embrapa.br/cerrados. Acesso em: 9 maio 2025.
  2. USDA. Bioinputs regulations and pollinator safety. Washington: USDA, 2023. Disponível em: https://www.usda.gov. Acesso em: 9 maio 2025.
  3. INIAV. Plataforma de validação de bioinsumos para apicultura. Lisboa: Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, 2023. Disponível em: https://www.iniav.pt. Acesso em: 9 maio 2025

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